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Boa leitura!

A Queda dos Deuses Antigos #3 – Um Novo Viajante – Ano da Queda, Yyrm

Os primeiros raios de sol ainda começavam a aparecer quando a porta da cabana se abriu com força. Venathia levantou-se rapidamente. Os anos de aventuras vividos como caçadora fizeram com que tivesse um sono leve e estivesse sempre preparada para o perigo.

Mas a pessoa que tinha acabado de entrar parecia tão espantada quanto ela. O homem que só percebera a elfa após fechar a porta, agora olhava para ela paralisado. O jovem, que não aparentava ter mais do que 17 anos, possuía o cabelo castanho sujo e bagunçado. Suas roupas eram leves e permitiam uma movimentação rápida.

Mesmo isso não foi suficiente para que conseguisse fugir. No momento em que o garoto fez seu primeiro movimento, uma flecha da elfa prendeu a mão do invasor na porta da cabana.

O grito de dor do jovem finalmente foi capaz de acordar Loregan. O guerreiro levantou-se sem entender o que estava acontecendo, até que viu que havia alguém a mais na sala do que quando foi para a cama na noite passada. Quando finalmente pegou sua espada, ajudou Venathia a amarrar o invasor, que choramingava de dor, em uma cadeira.

Firmemente preso, o garoto começou a ser interrogado:

-Quem é você e o que estava querendo aqui dentro? – Perguntou a elfa, enquanto brincava ameaçadoramente com uma adaga.

-Por favor! Não me mate! – O jovem parecia realmente desesperado – Eu só ‘tava me escondendo!

-Isso não responde minha pergunta! Espera aí... – A adaga agora estava bem mais próxima do pescoço do garoto – Escondendo de quê?

-Não me machuca, dona! Pode me prender mas não me machuca mais! Eu só ‘tava fugindo dos guardas! Só porque eu roubei a casa do oficial eles ficaram nervosos

A caçadora parou por uns instantes. Quer dizer que eles tinham pegado um ladrão. Isso poderia ser útil de alguma forma.

-Vou deixar que você faça a escolha: – disse a elfa – ou nós te entregamos ao primeiro guarda que encontrarmos, ou você passa a nos acompanhar em nossa viagem.

Loregan, que até então estava quieto, perguntou repentinamente da janela:

-O que é aquilo lá fora?

Jiha'd #1 - A Profecia


-Tregtaje, Deserto de Toka-

Ainda havia na pequena cidade uma tropa do exército da capital, alguns poucos guerreiros locais e menos ainda habitantes de Tregtaje que se escondiam onde pudessem. A destruição que Köder, personificação da própria morte, havia feito na cidadela comercial era gigantesca. Depois de uma batalha que durou horas, restava aos que defendiam a cidade, só o medo do que era aparentemente inevitável: a derrota, a morte, a destruição completa de uma cidade de suma importância para o reino de Lehta.

De um lado, a figura gigantesca de dragão negro envolto a uma aura púrpura de névoa tóxica. Quem o avaliasse não diria que era o único que lutou contra um exército consideravelmente grande em uma batalha dantesca. Do outro lado, se figurava um batalhão abatido, cansado, sem mais esperanças.

Köder, sem dificuldades, dizimou o restante dos guerreiros. Tomou a forma humanóide de um elfo-norturno, cabelos quase prateados e olhos brilhantes azuis, vestindo uma armadura negra que refletia polidamente a luz de Hëna, O deus Sol. Caminhou pela rua principal sobre os corpos dos que outrora batalhavam, dizendo em tom alto e sarcástico - Onde está o guerreiro de nome Grenzë? Não seria ele que profeticamente me destruiria? Acho que Të Dyen estava errada ao dar ao velhote da cidade a clarividência desse fato.

O velho de nome Lexues estava escondido em baixo de uma carruagem semi-destruída, junto de seu neto. Ele sabia que se não fizesse o que Të Dyen lhe disse, tudo acabaria em uma tragédia ainda maior. Foi relembrando da profecia que o velho ritualista tomou seu neto pela mão e pediu perdão pelo que faria segundos depois. Empurrou o garoto assustado debaixo da carruagem para o meio da rua, a mesma em que estava o deus da morte, e logo em seguida ficou atrás dele.

O elfo-noturno se vira para trás após escutar a movimentação, e se depara com o ritualista Lexues e seu cajado, atrás de um garoto de aparentemente doze anos que em estado de êxtase, flutuava a poucos centímetros do chão e brilhava em um azul-marinho intenso.

As palavras que o velho pronunciava eram assustadoramente familiares a Köder...

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Estou a muito tempo sem postar e tô tentando voltar, para continuar as histórias que parei no começo. Queria pedir a vocês para comentarem nas postagens o que acharam: c está bom ou ruim, e o que pode melhorar. É sempre um incentivo a mais para postar. Afinal, preguiça mata :P

Memórias de um Rei - Capítulo II - 112 D.C


Capítulo II
112 D.C

O lobo me encarava e eu devolvia o olhar. Era um daqueles momentos em que o tempo parece parar e a vida pende por um fio. Não sentia nada ao meu redor. Não vi o cervo sair correndo e uma lebre entrar em sua toca. Não ouvi o guincho de um porco selvagem nem o farfalhar de folhas quando um pombo levantou vôo. Toda a minha atenção estava voltada para o animal.


Quando me lembro desse dia, penso em como mudei. Se eu encontrasse um lobo hoje, viraria e sairia correndo, o mais rápido que pudesse. Mas na época eu era jovem e imprudente. Jovem demais. Tinha apenas 12 primaveras de vida e os primeiros sinais de barba apenas começavam a surgir em meu rosto. Era magro, alto e loiro. Meus olhos eram azuis e minha pele, queimada pelo sol. Passava meus dias nadando, brincando e ,claro, pensando em garotas.


Mas nesse momento, não pensava na surra que levaria de meu pai quando chegasse em casa sem carne para o jantar, nem na menina que vinha se insinuando para mim há algum tempo. Minha mente estava vazia e talvez seja esse o motivo de você estar hoje lendo minha história.Tudo aconteceu num instante. Rápido como uma flecha, o lobo pulou sobre mim e eu vi um corte aparecer como que por mágica em seu flanco. Minha faca estava na mão, mas eu não lembrava de tê-la sacado. No instante seguinte eu estava no chão, sentindo no rosto o bafo quente do animal enfraquecido. Ele me cortava com suas garras afiadas e eu o chutava e socava, tentando me livrar. Sua boca se aproximava cada vez mais de meu rosto e, naquele momento, eu senti medo. As vezes acho que o medo dá mais força para as pessoas. Não sei. Só sei que com um esforço descomunal, consegui jogá-lo para o lado e, recuperando minha faca, enfiei-a na perna do animal, cortando carne, músculos e nervos. Não foi um golpe bonito, mas foi o suficiente para deixá-lo no chão. Não me orgulho do que ocorreu em seguida, mas eu era jovem, estava cansado e com dor. Deixei a raiva me dominar e, fazendo um trabalho digno de um açougueiro, retalhei o lobo até deixá-lo irreconhecível. Apenas a cabeça ficou intacta, e esta eu cortei e cravei numa estaca de madeira.


Tinha 12 anos e, como todo garoto dessa idade, queria me mostrar. E encontrar um lobo e sobreviver era um grande feito para uma pessoa tão jovem. Os meninos passariam a me seguir e as garotas iriam me olhar de maneira diferente, pelo menos até que o fato fosse esquecido. Só não sabia que, desta vez, a demonstração me custaria caro, mais caro do que eu poderia imaginar.

Noite Sangrenta #13 – Um Novo Caminho – 786 d.Q., Tycon

Agora o guardião estava realmente intrigado. Como aquela criatura que ele nunca havia encontrado antes podia saber tanto sobre seu passado? Até onde Lyrot sabia, a única pessoa que sabia sobre sua irmã, além dele mesmo, era o Conde.

-O que você sabe sobre ela? – Lyrot estava disposto a fazer de tudo para descobrir o paradeiro de sua irmã. Não importava o que a fada pedisse em troca.

-Eu sei o suficiente para dizer por onde deve seguir se quiser encontrá-la – Cada vez mais, a ninfa parecia saber mais do que mostrava. E isso não agradava o guardião – Eu vi a trilha de sangue que o aguarda, Lyrot, e ela te levará a lugares aonde nunca imaginou que chegaria antes.

-Não importa quanta morte e sofrimento haja em meu caminho, eu farei o que for preciso para encontrar Kate!

-Então não deve ter medo de liberar o Lobo que existe em você. Só assim chegará aonde deseja. Independentemente das escolhas que fizer, haverá sangue sobre seus pés. O que muda é de quem é o sangue.

Os olhos de Lyrot se arregalaram quando pensou no que havia feito na última noite. Não. Ele nunca usaria o monstro. Nem mesmo para encontrar sua irmã. Não se tivesse escolha.

-Não! Não me peça isso! Minha maldição não deve ser usada como uma peça de um jogo!

-Você deve entender – A voz da fada soava calma e tranquila – O poder que você traz consigo não é uma maldição, mas um dom. E é somente com ele que seu destino se cumprirá. Cedo ou tarde você irá descobrir por si mesmo.

-O que você me pede é o mesmo que pedir para que eu me jogue no inferno. Não posso concordar com ato tão cruel.

-Há uma grande diferença entre o Lobo e a Fera, guardião, e você ainda terá muito tempo para descobrir isso. Mas o nosso tempo está se esgotando. Você precisa saber o que o aguarda antes de partir.

Lyrot continuava tão relutante quanto antes em aceitar o lobisomem que o habitava como um parasita, mas ele precisava saber o que fazer. Precisava de um caminho a seguir.

-Diga-me então, espírito do lago, como posso encontrar a Kate?

Noite Sangrenta #12 – Ajuda Espiritual – 786 d.Q., Tycon

Lyrot não podia mais perder tempo naquele lugar. Nem mesmo sabia quanto tempo havia ficado descansando ali.

-Sinto muito – Disse o guardião virando-se em direção à floresta – Como você mesma disse tenho pouco tempo.

-Então não o perca na mansão. Não há nada pra ver lá além de morte e sofrimento – A voz da jovem era tão misteriosa quanto o fundo de um lago escuro.

Surpreso com o conhecimento da garota, Lyrot parou e voltando a encará-la perguntou:

-Como pode saber disso?

-Eu sei muito mais do que você imagina Lyrot, o Solitário. Muito mais do que é seguro para você. Mas isso não importa. Tudo o que tem que saber é o que deve ser feito agora.

-E por que te ouviria? Apesar de saber meu nome e título, eu nem mesmo sem o quê você é.

-Vocês humanos têm vários nomes para o que eu sou. Fada, espírito, ninfa, anjo. Já ouvi todos esses mais de uma vez durante toda a minha existência. Pode-se dizer que sou um pouco de cada.

-Isso ainda não me dá razões para continuar aqui – Apesar das palavras, Lyrot estava curioso demais para sair.

-Não espero que acredite em mim por enquanto. Mas não irá demorar muito para que veja com os próprios olhos o que quero te mostrar. Por enquanto, irei te ajudar com a sua missão. É tudo o que preciso.

Lyrot olhou desconfiado para aquela criatura mística. Apesar de sentir-se bem ali, sua mente lhe dizia que havia algo estranho naquela história.

-O que você ganha me ajudando? – O guardião não esperava uma resposta satisfatória para sua pergunta, mas sentiu necessidade de fazê-la.

-Quando sua missão estiver completa, você também terá me ajudado. Basta saber que temos um interesse em comum.

-E como você pode me ajudar? Nunca ouvi falar de fadas que pudessem lutar com vampiros, homens encapuzados e sabe-se lá o quê mais encontrarei.

-Mas com certeza já ouviu falar de fadas que pudessem ouvir das árvores onde está sua irmã...