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Boa leitura!

Noite Sangrenta #26 – O Caminho Para o Inferno – 786 d.Q., Tycon


Durante todo o tempo em que caminharam sob o céu chuvoso, nenhuma palavra foi dita. O modo como Nassar andava apenas deixava o ar mais denso. Passos furtivos de quem há muito se escondia de terrores inimagináveis. O tempo todo o arqueiro olhava atentamente para algum ponto no campo ao lado da estrada pensando ter visto algum movimento. Não havia dúvidas de que algo o perturbava.

Após o que pareceu a Lyrot uma eternidade caminhando na terra ainda molhada da estrada, Nassar finalmente parou. Com o olhar atento, ele diz:

-Acho que aqui está bom. Não teremos problemas com demônios por aqui se terminarmos rápido com isso.

O modo como Nassar foi direto ao ponto em questão surpreendeu Lyrot. Ele nem ao menos tinha dito o que exatamente estava querendo saber.

-Preciso que você me diga tudo o que sabe sobre Xt’Sarath e sobre os rituais para trazê-lo ao nosso mundo – Pediu Lyrot ao velho companheiro.

-Não adianta tentar – Declarou Nassar com um suspiro – O poder da Nevaeh é muito grande para que você possa impedir. Acredite no que eu digo, tudo o que conseguirá é atrair um destino tão terrível para si que eu não desejaria nem mesmo para meus inimigos.

-Eu preciso de sua ajuda, você é o único que pode me dar as informações de que preciso!

-Lyrot, eu mesmo estive envolvido na mesma caçada que você por vários anos, e tudo o que consegui foi dor, sofrimento e condenação – A face do arqueiro parecia adquirir um tom mais sombrio enquanto as lembranças viam à mente – Não há nada que possa ser feito.

-Você não entende! O destino da humanidade pode estar em jogo. E tudo o que você me diz é que não há nada que possa ser feito?

-Engraçado. Achei que você não se importasse tanto assim com a vida dos outros. É meio incoerente para um monstro assassino e sanguinolento, não acha? – O tom de sarcasmo era evidente na voz de Nassar – Ou talvez tenha algo mais por trás disso tudo. Quem sabe sua tão querida Kate?

O rosto de Lyrot ficava cada vez mais vermelho de raiva. Ele não podia acreditar que seu velho amigo tivesse mudado tanto. Pisando duro, volta a seguir a estrada dizendo:

-Ótimo, se não vai me ajudar, eu encontrarei a sede do culto sozinho.

-Se você realmente quer tão desesperadamente abraçar a morte, vá em frente. Basta seguir até Lepport, há 10 quilômetros daqui. Só não espere voltar algum dia.

Sem responder, Lyrot continuou pelo caminho, esperando que as palavras do amigo não fossem verdade.

O Herdeiro#10 – Massacre – 765 d.Q., Zacrest


Azzwiters deveria esperar que os elfos se aproximassem das muralhas da cidadela drow antes de se envolver em batalha. A ilusão que criara de si mesmo ainda estava em meio aos inimigos, e se o vissem ela seria desfeita. Claro que ao perceberem que foram traídos recuariam imediatamente.


O ataque seria claramente um massacre. O número de elfos-negros superava em muito o de atacantes, e ainda devem-se considerar as defesas da cidade. A decisão do líder élfico em organizar tal ataque havia sido uma loucura, e suas tropas sabiam disso. Com moral e números baixos, os elfos estavam fadados à morte.


A chuva de flechas começou assim que o primeiro soldado atacante chegou aos pés da muralha. E foi nesse mesmo instante que Azz pulou pela ameia do muro. Sua espada élfica reluzia refletindo a luz das tochas. Algo na lâmina clamava por batalha. E o Filho-do-Mal queria com toda sua vontade realizar tal desejo. Sua arma seria alimentada com o sangue de seus forjadores e antigos donos.


“Traiçoeira”, pensava Azz, esse seria o nome da espada que carregava. Criada por elfos, voltada contra os elfos. O drow podia sentir o poder que pulsava dentro do metal leve e trabalhado da arma. Um poder que ansiava por matar, provavelmente absorvendo os sentimentos de seu novo portador. E com ela, Azzwiters marcaria seu reino com sangue e guerra.


Durante horas o sangue élfico caiu sobre o solo subterrâneo. E durante horas Azzwiters girou sua Traiçoeira no campo de batalha. O meio-demônio era o terror da batalha, simplesmente cortando tudo o que via pela frente com a mesma facilidade com que se rasga uma folha de pergaminho. Não havia naquele confronto nenhuma força que pudesse ferir tal máquina de matar. Os atacantes caíam aos montes ao se aproximarem de Azz, um atrás do outro. E o guerreiro não parecia se cansar. Pelo contrário, a cada instante de luta suas energias pareciam renovadas.


Quando finalmente apenas um elfo restava, Azz aproximou-se da vítima. Ele sabia que ninguém atiraria no sobrevivente. Os drows tinham medo do Filho-do-Mal, e nenhum deles tiraria um alvo dele.


Mas para a tristeza de Azzwiters, seus planos o impediam disso. Aquele último elfo deveria viver, ao menos o suficiente para contar o restante de sua raça sobre o massacre que ocorrera na cidadela drow.


Com uma velocidade surpreendente, Azz aproximou-se do elfo remanescente e, enquanto ele fugia apavorado, disse-lhe:


-Dessa vez viverá, mas não terá a mesma sorte por muito mais tempo! Aliás, nenhum dos de sua raça...


E ao fazer tal afirmação, ficou um passo mais próximo de torná-la verdadeira.