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Boa leitura!

O Herdeiro#9 – Preparando-se Para o Confronto – 765 d.Q., Zacrest


A enorme porta de ferro se abriu com um estrondo. Sem olhar para os lados, Azzwiters entrou pelo portal, dirigindo-se à sacerdotisa líder.

-Os elfos estão se preparando para um ataque, senhora. Suas forças estão organizadas e uma tropa se dirige imediatamente à nossa cidade.

-Azzwiters! – exclamou a drow com surpresa – Achei que havia morrido na batalha. Nós perdemos comunicação com toda a tropa.

A sacerdotisa sabia que o drow-demônio tinha algo a ver com aquela história, mas não podia fazer nada.

-Nosso grupo foi massacrado na batalha – disse Azz – A cidade élfica foi protegida magicamente, o que nos impediu de fugir. Por sorte consegui me esconder enquanto observava o inimigo.

A sacerdotisa poderia acreditar em Azzwiters ou não, mas tinha acabado de receber a notícia de que tropas élficas marchavam nas redondezas da cidade. Isso exigiria uma reação imediata, e o Filho-do-Mal deveria esperar por um julgamento mais adequado.

O drow agora havia sido liberado para se preparar para a batalha. Com sua nova espada, Azz se dirigiu à muralha, de onde poderia ver a batalha de camarote e, cedo ou tarde, se envolveria em combate com os invasores élficos.

Podia lhe parecer estranho agora ele ter passado tanto tempo em meio aos elfos, mas segundo a velha profetisa, isso seria necessário para que o trono fosse seu. Azzwiters tinha se acostumado a confiar naquela velha senhora.

Agora, finalmente, Azz poderia eliminar aqueles malditos elfos da superfície que durante meses o incomodaram. Sua sede de morte seria satisfeita em apenas algumas horas.

O som de uma trombeta ecoou nos corredores rochosos da caverna. Um som forte e claro, usado pelos drows para simbolizar perigo.

O inimigo estava chegando.

Noite Sangrenta #21 – Revelação – 786 d.Q., Tycon


O cheiro de morte ainda pairava no ar dentro do Mausoléu de Birk, tanto dos velhos corpos apodrecendo nos sarcófagos quanto dos novos caídos em poças de sangue. A batalha com o lobisomem parecia ter sido intensa e sanguinolenta. E Lyrot agradecia por isso.

No centro da sala de pedra, havia o que se podia chamar de um altar improvisado. Um manto negro e surrado repousava sobre o caixão principal, provavelmente o do próprio Birk. Sobre ele podiam-se ver instrumentos que pareciam saídos do pesadelo de um torturador psicopata. Vasilhas com substâncias pastosas e avermelhadas completavam a cena juntamente com um velho livro aberto no meio.

Lyrot imediatamente foi em direção ao tomo, que possuía uma capa velha de couro que podia muito bem ter sido retirada de um volume de antes da Queda. Suas palavras, apesar de parecerem estranhas e alienígenas à maioria dos seres humanos, eram familiares ao guardião. Seus anos a serviço do Conde requisitaram mais do que apenas músculos para que chegasse vivo até aqui.

Folheando o tomo, Lyrot via figuras de símbolos ritualísticos e ilustrações de criaturas tão assustadoras que seria perigoso até mesmo descrevê-las. Aos poucos, o guardião foi compreendendo o que desejavam os cultistas. Todos aqueles rituais satânicos, a corrupção da floresta, uma horda de mortos-vivos, levavam-no a crer que talvez realmente não pudesse mudar o que viria.

Uma organização muito maior do que aquele pequeno grupo que enfrentava ali estava envolvida no assunto. As reais proporções do problema começavam a tornar-se claras a cada folha do livro que Lyrot virava. Citações de locais profanos, templos amaldiçoados, guerras criadas pelos cultistas. Cada vez mais, parecia-lhe que estava lutando uma batalha perdida.

Mas a lembrança de Kate o mantinha no caminho. Sua irmã seria resgatada, nem que tivesse que desafiar o céu e o inferno no processo. E provavelmente pelo menos o último teria que enfrentar.

Uma das últimas páginas do livro, tão amarelada e velha como as demais, chamou a atenção especialmente do guerreiro. Não que aparentasse ter sido mais manuseada, ou estivesse suja de sangue. A questão era a figura que aparecia no topo da página.

A figura do Príncipe-Demônio mais lendário de que já ouvira falar: Xt’Sarath, O Vermelho.

Noite Sangrenta #20 – Morte-Negra – 786 d.Q., Tycon

A sala era escura e as paredes rachadas davam ao lugar uma aparência gótica. Teias de aranha e ossos de pequenos animais que haviam ficado presos ali mostravam que o Mausoléu não era aberto há muito tempo. A luz mórbida da lua penetrava fracamente por duas pequenas e velhas janelas redondas próximas ao teto, iluminando parcialmente o cenário.

Podia-se ver alguns corpos jogados próximos às paredes. Sangue fresco manchava o chão em vários pontos. Eles não pareciam pertencer a mortos-vivos, já que ainda apresentavam alguns tons de vida. Suas roupas, mantos longos e negros, sugeriam algo mais sombrio, provavelmente aqueles que criaram os zumbis.

Mas Lyrot não se importava com eles. Não ligava se os matara enquanto estava dominado pela Fera, suas mortes eram um preço pequeno a pagar pelo que fizeram. Mas algo deixava o guardião preocupado. E o motivo de tal preocupação estava sob seus joelhos.

Aparentemente a única coisa viva que restara naquele lugar amaldiçoado era o homem que estava preso pelo peso do corpo de Lyrot. A longa barba negra e os olhos esbranquiçados eram velhos conhecidos do guerreiro. Aquele que estava sob seu punho erguido, preparado para um golpe, era um de seus colegas guardiões.

Conhecido como Bismor Morte-Negra, o necromante trabalhava a serviço do Conde de Tycon desde antes de Lyrot ter nascido, sendo provavelmente o mais antigo guardião da região. Os dois nunca tinham sido amigos, mas tampouco inimigos. O que intrigava o guerreiro era que alguém que supostamente deveria dedicar-se a proteger o reino, estava na verdade por trás de um culto satânico. O que significava que ele não podia mais confiar em ninguém.

Vendo que Lyrot hesitava em atacá-lo, Bismor, com sangue escorrendo pelo canto da boca, gaguejou:

-Não se lembra Ly? Sou eu, Bismor!

-É por isso que estou com tanto nojo – o necromante se encolheu com a declaração, como se esperasse um golpe violento – Como você pôde? Violar o corpo de todas aquelas pessoas, torturar a floresta daquele jeito...

Morte-Negra percebeu que não adiantaria se esquivar. O faro do guerreiro era bom e ele parecia saber o bastante para fazer com que fosse impossível inventar uma mentira. Uma risada chiada começou a sair da garganta do necromante.

-Você não pode impedir o futuro! Nada pode mudar o que está por vir! – Bismor parecia não se preocupar mais com a morte que se aproximava – Assim como não pode trazer sua irmã de volta!

Nesse instante Lyrot perdeu a cabeça. Com um único movimento, o guardião quebrou o pescoço do cultista. Aquelas seriam suas últimas palavras.