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Boa leitura!

O Herdeiro #2 - Aperitivo - 764 d.Q., Zacrest


"O filho perfeito do mal,

Sobre a Terra irá reinar.

E uma escuridão sem igual,

Fará o mundo se curvar.

Novamente as trevas reinarão,

Enquanto durar a noite.

Num reino de Sombra e Solidão,

Onde a vida será um açoite."

Invadir e destruir uma vila élfica isolada parecia uma tarefa muito fácil e entediante para Azzwiters, principalmente estando ele acompanhado de uma tropa completa de drow. Já seus companheiros estavam em geral ansiosos ou receosos. Eles não estavam de todo errados, provavelmente a maioria deles não voltaria viva. Mas Azz não se importava com nada disso. Tudo o que queria era encontrar os mais fortes do local antes que outros os matem ou cansem. Soldados e guardas não lhe interessavam.

A lenta marcha dos soldados drow deixava o Filho-do-Mal com sono. Se fosse sozinho já teria acabado o serviço. Não que alguém duvidasse disso. Provavelmente essa era a maior preocupação das matriarcas de Zanir. Provavelmente elas sabiam, assim como Azz, da existência da Coroa do Maldito naquela vila élfica humilde e escondida. Mas no que depender do drow-demônio, ela não permaneceria lá por muito tempo.

Azzwiters podia ser facilmente reconhecido por uma característica peculiar de seus cabelos. Ao contrário do normal para a raça, seus cabelos não são completamente brancos. Uns poucos fios vermelhos se espalhavam no meio dos brancos, causando um contraste interessante. Alguns diziam que o contato constante com sangue alheio fez com que ele absorvesse parte desse sangue, que acabou subindo à cabeça. Para Azz, era mais um sinal de superioridade.

Mas o Filho-do-Mal não precisava mostrar isso para ninguém. Ele sabia que um dia todos se curvariam aos seus pés.

Noite Sangrenta #2 - O guardião - 786 d.Q., Tycon

Segurando o Conde pela garganta contra a parede da capela, Lyrot estava extremamente enfurecido. Já não aguentava mais aquelas missões por uma causa que não lhe interessava. O que ele queria parecia cada vez mais distante. A raiva subindo à sua cabeça lhe dava medo mas ele não conseguiria parar agora.

-Faz anos que você me obriga a isso! E nenhum progresso na sua parte do acordo! - Grita o guardião apertando ainda mais a garganta do 
Conde.
-Já disse...quando conseguir...alguma coisa...te ajudarei. - respondeu o nobre quase sem ar. Dois guardas puxam Lyrot para longe. - Só receberá sua recompensa após o trabalho estar completo. É assim que deve ser. - Completa o Conde de Tycon, agora livre para falar.
-Eu deveria ir embora para longe das suas terras!
-Você sabe tão bem quanto eu porque você não vai embora. E sabe também porque precisa de mim. Agora vá. A missão te aguarda.

Lyrot, O Solitário, soltou-se bruscamente do aperto dos guardas e com um rosnado, se dirigiu para fora.

Ao menos uma coisa era semelhante entre todos os guardiões: todos servem ao Conde por precisarem dele. Cada um tem uma função para o nobre, assim como cada um tem um interesse no mesmo. Na maioria das vezes essa dependência causa um ódio capaz de matar. Mas o Conde era esperto. Manter mais de um guardião fazia com que se um se rebelasse, os outros fizessem de tudo para impedí-lo. 

No momento, tudo o que Lyrot tinha que fazer era investigar o que estaria inquietando os animais na floresta próxima. Algo relativamente fácil para as capacidades do guerreiro. A única parte que lhe incomodava era que as perturbações ocorriam principalmente à noite. O sangue corria rápido pelo seu corpo enquanto lembranças indesejadas lhe surgiam à mente, lentas o suficiente para serem notadas, rápidas demais para que se acostumasse a elas. 

O céu ao menos estava parcialmente encoberto por nuvens escuras. Mas isso era pouco para fazê-lo parar de suar. E pensar que quase aconteceu agora à pouco na capela. Deveria se acalmar. Precisaria ter a cabeça no, lugar se quisesse que tudo corresse bem naquela noite. O melhor que tinha pra fazer era se preparar.

O Império - Capítulo 2 - Reminiscências - 126 D.C


Capítulo 2 : Reminiscências
126 D.C


- Venha cá agora, menino!

Sem dar ouvidos à voz, o garoto continuou correndo, se distanciando cada vez mais da casa.

"Quem ela acha que é? Minha mãe? E, mesmo se fosse, já não sou mais um garoto para ser mandado e desmandado. Já tenho idade suficiente para me cuidar e nem é noite ainda!

Mas parecia que sua tia não entendia isso. Chamava-se Rita e era conhecida por todos como a Viúva, por ficar a maior parte dos dias lamentando a morte de seu marido. No resto do tempo, cuidava (ou melhor, repreendia) do sobrinho. Era isso que o garoto não entendia. Ela não conversava com ninguém, nem mesmo com ele. Não falava sobre o tempo, não reclamava dos impostos e nem invejava o novo vestido da vizinha. Seu relacionamento com o garoto se limitava a "Faça isso" ou "Não vá lá". Apesar de tudo, era ela quem ficava com ele durante a maior parte do tempo, já que seu pai, Reagan, era um soldado do Império, não tinha residência fixa e morava onde o imperador mandava.

E o menino continuava correndo, tentando desviar das pessoas que apinhavam a rua. Um vendedor gritou quando ele esbarrou numa barraca e várias das cestas caíram no chão. Um bêbado entrou no caminho do menino e desabou, obrigando o garoto a pular por cima. Quem olhava via um menino comum. Franzino, moreno, olhos escuros, cerca de um metro e meio, por volta dos doze anos. O típico garoto de cidade grande, que passava seus dias perambulando pelas ruas e procurando algo para passar o tempo.

Finalmente, o garoto parou. No fim da rua, escondida pela sombra das casas ao lado, estava uma menina, esperando por ele. Seu nome era Leona. Após uma olhada nos arredores, os dois se beijaram, separando-se rapidamente.

- Por que demorou tanto? Estava te esperando! - disse a jovem.
- Desculpa! Minha tia não queria que eu saísse de casa....Você sabe como ela é... Tive que fugir!
- Tudo bem. Mas vamos logo!
- Mas, Leona, como vamos entrar no bairro?
- Deixe isso comigo. Apenas me siga.

Se distanciando cada vez mais da multidão, os dois seguiram na rua até chegarem ao portão do bairro dos ricos. Após um rápido aceno de Leona, os portões foram abertos e os dois entraram. Depois de um pequeno trecho, os dois viraram à esquerda e seguiram por alguns minutos até outro portão, por onde saíram da cidade e entraram em uma trilha na floresta.

"Que lugar lindo" - pensou o menino.


E por mais de uma hora os dois ficaram ali, deitados juntinhos, observando o pôr do sol. E para o garoto, era o pôr do sol mais bonito que já vira em toda sua vida. Porque ali estava ela, a bela jovem morena, de cabelos cacheados e olhos verdes que ocupava todos os seus pensamentos.

E porque ele, Tylor, estava feliz.



O Herdeiro #1 - Vida Sombria - 764 d.Q., Zacrest


Azzwiters, Filho-do-Mal, é o terrível guerreiro do submundo. Nascido de um pai demônio, o elfo-negro é uma arma mortal sob controle das matriarcas de sua cidadela, uma das maiores num raio de quilômetros. Apesar da herança de sangue, o drow não apresenta nenhuma característica abissal aparente. Mas se fosse possível observar o que se passa dentro de Azz, qualquer um mudaria de opinião num piscar de olhos. A única coisa que denuncia sua natureza doentia são seus olhos vermelhos que possuem um brilho insano. Para muitos, ter um demônio como antepassado já é o suficiente para considerar-se mau. Mas Azzwiters não se limita a isso. Tendo sua mãe drow morrido durante o parto, o Filho-do-Mal foi criado pelas sacerdotisas da cidade subterrânea de Zanir, em Zacrest, recebendo um treinamento especial praticamente desde que nasceu.

Sua habilidade excede em muito o da maioria dos seus conterrâneos e isso já lhe causou muitos problemas. A sociedade dos drow é quase sempre alterada por uma constante competição por poder, mágico e social, muitas vezes estimulada pela própria Deusa dos elfos-negros. O poder cada vez maior de Azz já criou receio e medo inclusive na própria Deusa, embora ela não se "atrevesse" a confrontá-lo. Provavelmente o Filho-do-Mal tem sorte de não ser mulher, uma vez que entre elas há a maior quantidade de traições e intrigas da sociedade drow. Foi entre todas essas armações e tramóias que Azzwiters cresceu e viveu toda sua vida, realizando missões em nome de sua Deusa e dos demônios que o conceberam. 

Para o drow, matar era sua função. Sempre que uma missão se tornava mais perigosa do que o recomendado para os soldados de Zanir, Azz era enviado. Para ele, isso era um prazer, e ele nunca teve uma mãe para lhe ensinar a não brincar com comida. Matar era para ele mais do que um ofício, era uma arte. às vezes ficava um dia inteiro "brincando" com suas vítimas antes de finalmente matá-las. Caso não fosse assim, facilmente se entediaria. Seu talento e habilidade lhe permitiam matar praticamente qualquer adversário em questão de segundos. Ele não se importava com todas aquelas questões políticas e hierárquicas que envolviam - e frequentemente matavam - as sacerdotisas drow. Apreciava boas armas, embora fosse capaz de decepar uma cabeça com as mãos nuas, atravessar um corpo com um soco ou esmagar um crânio com o joelho. 

Mas o que mais o fazia temido entre os que o realmente conheciam não era seu sangue ou seu sadismo, mas sim os versos que acompanhavam seu nome. A profecia que trazia consigo, o futuro dos drow e do mundo.

"O filho perfeito do mal, 
Sobre a Terra irá reinar.
E uma escuridão sem igual,
Fará o mundo se curvar.
Novamente as trevas reinarão,
Enquanto durar a noite.
Num reino de Sombra e Solidão,
Onde a vida será um açoite."