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Boa leitura!

Noite Sangrenta #3 - Um Encontro Às Escuras - 786 d.Q., Tycon


Já fazia bastante tempo que Lyrot esperava na floresta. As estrelas e a lua estavam cobertas por nuvens. O cheiro de chuva já enchia o ar da mata. O guardião estava escondido em uma moita há muito e nada havia se aproximado dali desde que chegara. A floresta parecia deserta. Algo realmente estava afugentando os animais. E era por isso que estava ali. Lyrot esperava que alguém ou alguma coisa aparecesse cedo ou tarde, embora fosse difícil ouvir alguma coisa: o vento era tão forte que agitava intensamente as folhas das árvores. Mas o guardião não se importava com isso. Para ele, a chuva era um calmante nas noites mais solitárias. 

Enquanto esperava agachado, os pingos de chuva começavam a cair sobre sua cabeça. Em pouco tempo ficaria difícil ouvir mesmo uma alcatéia de lobos uivando. E de repente um relâmpago iluminou o céu com tanta intensidade que Lyrot conseguiu ver de relance alguns vultos andando entre as árvores. Enquanto o som do trovão começava a ser ouvido, Lyrot se levantou cuidadosamente e foi na direção do grupo. Periodicamente, um outro relâmpago o permitia ver para onde estavam indo aquelas pessoas. 

Já fazia um bom tempo que estava seguindo o grupo misterioso que, como ele via agora, estavam cobertos por capas e capuzes, quando chegaram a uma clareira no meio da floresta. Em todo o caminho, Lyrot não tinha visto nenhum animal. Aparentemente, era isso que causava medo na floresta. A chuva, que agora já começava a ficar forte, não deixava que o guardião escutasse muito bem o que era dito pelo grupo. Lyrot se aproximava cada vez mais, e conforme o tempo passava, mais a chuva ficava forte. Já fazia um bom tempo que estavam ali quando o espião finalmente conseguiu ouvir o que estava sendo dito. E não gostou nem um pouco do que tinha ouvido. Pois estavam falando com ele.

Memórias de um Rei - Capítulo I - 162 D.C


Capítulo I

162 D.C



Está frio hoje. Não sei se é a idade, mas parece que esse inverno está mais gelado que o normal. A lareira que tenho pouco adianta para me esquentar e o frio entra nas minhas entranhas e congela meu corpo. Myrana fala que não, mas sinto que estou morrendo. Me levanto a cada dia mais fraco e a vontade de viver está acabando. Ainda mais com esse frio infernal. Que Deus e Myrana me perdoem, mas o inferno nesse momento está parecendo mais agrádavel do que minha casa. Pelo menos os padres falam que é quente.

Odeio os padres. Sempre odiei. São um bando de hipócritas ignorantes que saem pregando uma coisa e fazendo justamente o contrário. "Seja humilde!" e vivem em castelos. "Não cobiçe a mulher do próximo!" e transam com a primeira moça bonita que aparece. "Não seja avarento!" e exploram os camponeses até arrancar o último fiapo de vida dos pobres coitados. Não sei como alguém ainda acredita neles. Pobres incrédulos, que Myrana me perdoe. Os sacerdotes da minha juventude eram bem melhores. Não que eles fosse pobres, castos e bonzinhos. Pelo contrário. Mas pelo menos não eram hipócritas a ponto de fingirem se importar com os outros. O que já é alguma coisa.

Perdoe-me leitor. Minha mente divaga e a pena da caneta parece deslizar sozinha no papel. Prometo que a partir de agora, tentarei poupá-lo dos fúteis pensamentos que ocupam a cabeça de um velho. Até porque você provavelmente pouco se importa com eles. E se por acaso eu falhar com minha promessa, por favor me perdoe novamente. Afinal, sou apenas um velho.

Meu nome é Thor Caim Brisvold de Gya. Já vivi muito. Vi inimigos vencendo e companheiros me traindo. Vi épocas de fome, guerra e peste. Vi assassinos sendo inocentados e inocentes sendo condenados. Vi mais mal do que achava que fosse possível e muito mais do que gostaria. Mas, apesar de tudo, acho que essa história vale a pena de ser contada. Porque, um dia, já fui respeitado e aclamado. Porque já amei e fui amado. E porque fui rei. E, ouso dizer, um ótimo rei.