A chuva caía lentamente. Mais uma vez naquela noite, o cheiro de sangue misturado com água e terra enchia as narinas de Lyrot. Só que dessa vez, o guardião não sabia o que tinha acontecido. Na verdade ele tinha uma idéia. Afinal, toda vez que ele transformava-se, o mesmo filme de terror se repetia incansavelmente. Lyrot não sentia dor. Apesar de lembrar-se de ter sido ferido na mansão, não havia nenhum arranhão em seu corpo.
Mesmo estando na forma humana, seus sentidos eram muito mais aguçados do que o de uma pessoa comum. Ele nunca confundiria aquele odor característico de batalhas e morte. Lyrot poderia sentir o cheiro de sangue que o cercava mesmo que estivesse bêbado.
Com medo do que veria, o guardião levantou-se e olhou ao redor. Ele estava no meio de uma praça, provavelmente em uma das pequenas vilas que cercavam a mansão Greer. Tudo ali parecia quieto, exceto pelo som da chuva caindo nos telhados das casas. Não havia luz e mesmo os olhos de um lobisomem tinham dificuldades para enxergar nessas condições.
Mas eles eram bons o suficiente para que Lyrot pudesse ver um corpo caído ali perto. Mais ao lado, o guardião conseguiu divisar mais dois, um deles parecendo ser de uma criança. Lyrot não precisou, nem quis, se aproximar. Ele já sabia o que encontraria. O cheiro de sangue começou a ficar amargo na garganta do guardião e já não era mais possível suportar aquele lugar.
Com raiva da lua, do Conde de Tycon e, principalmente, de si mesmo, Lyrot começou a correr pelo chão ensangüentado da cidade. Aqui e ali encontrava outros corpos jogados ao chão. Alguns em pedaços, outros ainda gemendo de dor. O guardião queria chorar, mas já não possuía lágrimas. A morte havia se tornado tão presente em sua vida que ele havia se acostumado com a idéia.
Mas a cada vez que matava um inocente, Lyrot sentia uma dor que não podia ser descrita em palavras. E essa noite, mais uma vez, ele havia sido responsável por um massacre. O guardião sempre fazia o possível para evitar que isso acontecesse mas, inevitavelmente, as coisas sempre pareciam sair de seu controle.
Alguém iria pagar pelo que acontecera aquela noite, disso Lyrot tinha certeza.
Primeira vez que to lendo um texto seu aqui Túlio!!
ResponderExcluirGostei, viu.!
Vamos ver se eu paro de enrolar para fazer as postagens agora. Estou precisando aumentar a frequência de posts.
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