Lyrot já não agüentava mais ficar rodando dentro daquele casarão silencioso sem encontrar sequer uma barata ou rato. Quanto mais ficava naquele lugar mais sentia que algo o vigiava. O guerreiro já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha se virado ao pensar ter ouvido algum barulho.
O guardião agora andava com a espada na mão e estava pronto para qualquer ataque surpresa. Mas Lyrot suspeitava que não seria tão fácil. Tendo passado por várias situações piores que essa, o guerreiro sabia que tinha que se manter calmo. Mas a cada instante era mais fácil perder a razão. Aos poucos, sons distantes e indistinguíveis começavam a aparecer.
Embora fosse impossível determinar a natureza do barulho, cada pulso da “voz” fazia gelar o coração de Lyrot. Não demorou muito para que vultos ligeiros começassem a perturbar o homem. O medo já não lhe deixava raciocinar como deveria.
Repentinamente, uma força derrubou o guerreiro no chão, como se fosse um moleque cansado. Para Lyrot, aquela foi a última gota. Correndo como um louco, o guardião não pensava mais em se esconder. Não pensava em mais nada. Apenas sua sobrevivência estava em jogo agora.
O invasor só voltou à razão quando parou em frente a uma janela. A luz pálida da lua agora chegava mansamente à mansão por uma fresta nas nuvens. Vendo a saída, Lyrot voltou ao seu estado normal.
-Ora, ora. Acho que pegamos um rato hoje, Mestre.
A voz arranhada vinha das costas do guardião e fez com que todos os seus pelos se arrepiassem. Virando-se rapidamente, Lyrot se agacha pronto para esquivar-se de um ataque, mas percebe que as duas pessoas que o observavam estavam do outro lado do salão. O menor deles era curvo e feio, com os braços longos e vestia um traje simples e sujo. Ele se escondia atrás do outro, como um cachorro assustado, sendo este uma figura elegante e esbelta, que emanava por si só uma aura de atração. Os dois, como Lyrot já sabia, eram Lorde Greer e um de seus serviçais.
-E um dos grandes, Gilbert. Sorte que ele já foi envenenado. – disse o senhor da mansão.
Não demorou muito para que Lyrot percebesse que o último comentário não tinha um significado muito bom para ele. De mesmo modo, isso lhe explicou o porquê de todas aquelas sensações amedrontadoras. Provavelmente o tal “veneno” estava lhe causando alucinações. Mas seria só isso? Ele não esperaria pra ver.
Antes que a situação piorasse, Lyrot virou-se rapidamente para a janela com intenção de pular. Assim teria feito se uma tonteira repentina não o tivesse feito cambalear. Com a visão e o equilíbrio prejudicados, o guardião não viu opção a não ser ficar e lutar.
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