Lyrot sempre se sentia mal quando conversava com os mortos. Não era medo ou trauma. Havia algo nos espíritos que faziam com que o guardião tivesse calafrios na sua presença. Algo que o fazia suar frio enquanto tentava manter o diálogo sem gaguejar.
Mas agora Lyrot não tinha tempo para isso. Ele tinha que pensar. O corpo do sujeito que ele acabara de matar tinha lhe dado informações muito importantes. Informações que decidiriam o seu destino a partir de então.
Aquilo estava fácil demais. Por que um grupo de pessoas encapuzadas se reuniria numa noite de chuva como essa apenas para dizer que tudo está indo conforme o plenejado? E pior: por que mencionariam a localização da sua base de operações? Por que o Conde havia lhe enviado para realizar uma tarefa tão fácil como essa?
Todas essas perguntas vinham ao mesmo tempo à cabeça do guerreiro. Sua mente não conseguia funcionar em sua capacidade total. A chacina recente e o contato com o espírito o haviam afetado. As gotas d’água se misturavam com o sangue no chão da mata.
O cheiro de sangue penetrava nas suas narinas cada vez mais. O calor da batalha aos poucos era substituído pelo frio da chuva. Sua cabeça estava agitada demais para raciocinar. Seria preciso relaxar para alcançar qualquer resposta.
Lyrot deixou-se levar pelas gotas nos seus ombros e afastou sua mente daquela clareira de morte. A chuva sangrenta foi desaparecendo lentamente, deixando apenas um vazio em seu lugar.
Agora o guardião entendia. Ele já sabia o que deveria fazer a partir de agora. Lyrot jogaria o jogo do inimigo. Às vezes é preciso pular na ratoeira para pegar o queijo.
Bruscamente, Lyrot lançou-se por uma trilha velha na floresta. A noite estava apenas começando e ainda havia muito trabalho pela frente.
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